segunda-feira, 5 de março de 2012

VULCÃO VILLARICA, DETALHES QUE PODEM AMEAÇAR A SUA SEGURANÇA!

Depois de muito tempo que não escrevo, considero que tenho o compromisso de informar e alertar sobre a infra estrutura de turismo do Chile. Aos poucos, portanto, vou escrevendo sobre algumas coisas que também vi. Sabemos que "nem tudo são flores" nessa vida, não é mesmo?! Por isso me sinto na obrigação de falar sobre a segurança turística desse país tão maravilhoso e adorado por mim, mas que, como qualquer outro, tem os seus pontos a serem melhorados. Ao ver as notícias do brasileiro, que morreu ao fazer uma excursão no vulcão Villarica, fiquei muito triste ao ver esse país e a região, especificamente, sob o enfoque da mídia, contando-nos uma tragédia! Por isso, hoje, vou falar um pouco da minha experiência!

Será que o vulcão Villarica não merecia uma recepção do teleférico um pouco melhor?

Aos 26 anos, fiz esse mesmo passeio! Vou dizer como aconteceu comigo. Escolhi uma agência de turismo (que não me lembro o nome), indicada pelo hostel, que fiquei hospedada. Eu e minha amiga fomos até essa agência, escolhemos o dia do passeio. Dentro do valor que eu paguei estavam incluídos os equipamentos: grampones, sapatilhas para prender nas botas para subir na neve, pionet (acho que se chama assim), uma ferramenta no formato de um martelo pontiagudo e capacete. Mas todos as vestimentas necessárias, casaco, botas e calça, eles apenas comentaram o que precisaríamos e fomos com o que tínhamos! Acho que alugavam o que não tínhamos. Então, todos foram com a sua própria roupa. E alugamos apenas um casaco se sentíssemos frio.

Existia uma agência com mais reputação em Pucón (cidade que vale a pena conhecer e que tem o vulcão Villarica como seu habitat), mas escolhemos a nossa porque era mais barata. E para que escolher pelo preço, não é mesmo?! Mas eu me achava jovem demais! E que nada poderia acontecer comigo! Mas tenho que relatar o que aconteceu comigo e com nossa equipe. 
Seriam 2 instrutores, sendo que estariam conosco o tempo todo da subida, mas se alguém passasse mal ou desistisse (o que não é raro de acontecer), 1 instrutor voltaria com esse e o grupo continuaria até atingir o cume. E teríamos sempre o apoio de 2 pessoas experientes. 
A gente não sai do "chão" até o topo, diria que 90% dos que realizam esse passeio utilizam um teleférico, que é opcional, para ganhar tempo e poupar a nossa resistência! Assim fizemos e, ao iniciar a subida, logo após descermos do teleférico, vi 1 dos nossos instrutores já bem longe com um casal de norte americanos que tinham ido primeiro. Como assim? Perguntei ao Felipe, o outro instrutor. Ele não deu confiança. Ali já começara errado!

Felipe, nosso único e péssimo guia

 O grupo que era de 7 excursionistas mais 2 instrutores, ficou com 5 mais 1 instrutor! Dali em diante tudo me mostrava que eu tinha feito a escolha errada da agência. Subimos, subimos e era exaustivo! O Felipe não tinha nenhuma preocupação com o nosso estado e era o primeiro da fila. Às vezes a gente gritava "páraaaa" porque ninguém estava acostumado àquilo! De repente meu mundo caiu. A tal agência de boa reputação passa do nosso lado, com mais de 2 instrutores, TODOS com uniformizados numa elegância que me deu vontade de descer, me senti humilhada rs! O guia tinha uma técnica que o nosso não parecia ter!

Carol, subindo o Villarica asmática! A gente que tinha que pedir pro guia parar!

Olha a diferença: do lado direito, NÓS, humilhados; do lado esquerdo, o povo todo organizado, de uniforme vermelho. Eu estou lá atrás igual um pivetinho rs
                       
Essa é uma paulista que estava no outro "time" e que me matou de inveja kkk Também fazemos amizade subindo o Villarica. Aqui já estou com o casaco que aluguei e que não parecia muito limpo aiii.

Quando chegamos na Pinguinera, a 2347m, local de almoçarmos, minha amiga de viagem começou a passar mal porque é asmática e não conseguiria mais subir. Um pouco antes disso o instrutor tinha nos alertado para o perigo da subida até o cume, nos ensinando que numa queda tínhamos que jogar todo o corpo na neve "sem medo", pois descer com o corpo de lado significaria uma fratura, e lançar o pionet para ajudar a frear a queda. O que o Felipe escutou foram umas boas gargalhadas do nosso grupo de 5 mulheres! Como assim? Era melhor rezar, né?! Nunca que eu podia imaginar isso! Dali em diante, porém não poderíamos ir adiante porque ele teria que descer com a nossa amiga, passando mal. 
Como nós já estávamos chateadas com toda a situação, dissemos que não desceríamos. Era um absurdo o que estava acontecendo! Eu e mais 2 meninas queríamos chegar no topo, tínhamos pagado por isso e com TUDO o que já tínhamos subido, para mim era inconcebível não ver o "olho do vulcão" rs. Então, o Felipe tentou entrar em contato com outro instrutor de outra agência para ver se poderia descer com a menina. 

As 3 trombadinhas revoltadas querendo subir até o topo. Já tínhamos passado a Pinguinera e estávamos sozinhas
                               

Muito frio!

Como ele não conseguiu, de tão brava que ficamos, eu e mais 2 seguimos adiante. Sendo interrompidas por outro guia que disse que não poderíamos mais subir porque a neve teria congelado e os grampones não conseguem quebrar o gelo, o que significaria que poderíamos deslizar e sofrer uma queda. 
Ok, tínhamos demorado demais, tentando uma solução! Os dias contados, um dia de euforia para subir o tão falado vulcão Villarica e nos frustrar. Eu jurei naquele dia que voltaria para sentir o cheiro podre do enxofre que o vulcão exala e ainda achar  perfumoso e poder tirar uma daquelas fotos típicas com a bandeira do Brasil, meu amadíssimo país! 
Alguém achava que não poderia piorar? Então, vai mais uma. No dia anterior eu tinha subido a montanha do Parque Huerqueue, de paisagem indescritível, durante umas 5h subindo e 2h30m descendo. Esse passeio acabou com meu joelho, me fazendo chorar, literalmente, de dor na hora de descer o Villarica. Na subida estava tudo tranquilo, mas quando tive que descer não aguentei. Eu jurei para o Felipe que eu não aguentava, para eu tentar descer bem devagar até um certo ponto, mas para pedir um socorro de tão forte que era a dor! Eu desci escorada no Felipe e mais embaixo um homem me carregou. Mas não existia nenhuma ambulância, médico, socorro que pudesse nos amparar! 
Isso tudo serve para você se proteger. Escolha uma boa agência, se eu não me engano, a "ótima"  se chama Enjoy Tour! E levar bastante agasalho, óculos escuro, luvas, comida, água, remédios para caso de dor e ter bastante disposição! Mas o principal é a escolha da agência porque de infra estrutura o Villarica não possui nada! Se não sentir à vontade, não vá! Escolha outra! Não dispense organização, cuidados, informação; se isso lhes faltar é porque os guias não servem para te levar! 
Não pense em subir sozinho se você não tem experiência! 


Não duvide, não pense em não fazer esse passeio maravilhoso,  que nos permite chegar um pouco mais perto de Deus! Esse momento foi de contato comigo mesma! 
 
Eu não tinha medo, pois sabia que a energia que havia ali, habitava também dentro de mim! Ali eu senti que estava sob o Seu total e irresoluto domínio. 
A natureza se supera sempre!



Nos próximos post, vou escrever mais sobre essa questão de segurança!

Boa sorte!


5 comentários:

  1. Uau!
    Menina corajosa! Eu nem pensaria em fazer um passeio deste Só para novinhas kkkkk.
    Amei seu relato!
    Beijinhos

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    1. rsss acho que é a idade mesmo!!! mas mesmo depois disso tudo e do acidente com o brasileiro eu teria coragem de voltar e fazer de novo...mas iria com a outra agencia!!! é bom demais!!!! beijosss Tia Monica!

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  2. Nossa...muito importante seu relato!! Que fique o alerta para os outros viajantes.Economizar em viagem td mundo gosta,mas tem coisas q n da p brincar nem economizar...segurança é uma delas!! Otimo post,parabens pela coragem e pelo relato! Não suma com o blog,poste mais vezes!!! :)
    Bjs!!

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  3. Estive em Pucon recentemente e acompanho tudo o que vc disse. Também escolhi a agencia pelo preço e sofri muito para chegar no topo. Cheguei com muito custo. Nao há nenhum preparo turistico para alertar as pessoas que aquilo nao é para qualquer um. O fato, é que as agencias so pensam em vender, receber o dinheiro e pronto. Se vc vai conseguir subir, o quanto é complicado e arriscado, isso nao é problema deles. Os equipamentos que pegamos eram velhos. Meu marido no pior momento do percurso teve o grampon quebrado... enfim. Nao aconselho a quem nao tem experiencia em montanhismo e se tiver, escolham a melhor agencia.

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  4. Voltei de pucon ontem subi 4 dias o vulcão. Escolhi a agência certa. Politur. Todos os guias muito preparados. Fazem grupos e andam de acordo com a velocidade da equipe. Muito bem treinados. Não foi barato com certeza um das agências mais caras da cidade. Mas não faltou profissionalismo. Remendo indico e reindico. Tanto que subi mais três vezes. Experiência fantastica

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